Arlindo Cruz lança CD em parceria com músico Sombrinha.


Arlindo Cruz está tinindo em alta definição. Depois de apresentar o banjo à MTV e virar estrela da TV Globo em vinhetas e nos batuques do Esquenta, o sambista mais produtivo do mundo – a caminho dos 600 sambas gravados – aparece na foto 14 quilos mais magro. Enquanto espera o inverno passar para fazer hidroginástica, anuncia a volta da célebre parceria com Sombrinha e apresenta a um público que não conhece mais fronteiras o CD Batuques e Romances (Sony Music), ‘puro suco’ dos terreiros que o criaram.

“Agora a criança fala na rua: ‘Olha aquele moço do ‘plim-plim’. A responsabilidade aumentou. Não podemos mais falar palavrão”, brinca Arlindo, ciente de que hoje é dele a tarefa de levar tambores e sambas de qualidade aos tocadores de MP3.

Adornos como o machado de Xangô e o ‘abebé’, com a imagem do peixe para Iemanjá, saltam do colar cada vez mais pesado de amuletos para faixas do disco como o afoxé Oferendas, e o jongo Mãe.

“O disco mistura a zorra dos anos 70 e 80, o Cacique (de Ramos), muito tambor e palma de mão, minhas rodas, candomblés e quadras, ao romantismo dos sucessos que tocam no rádio”, define.

Além da participação de Zeca Pagodinho em Meu Poeta – com 36 sambas de Arlindo gravados, Zeca ainda perde para Beth Carvalho, que tem 38 -, o disco traz um dueto com Ed Motta, Bancando o Durão, no trânsito livre do sambista em todas as trilhas.

“Foi uma tarde memorável no quintal do Leandro (Sapucahy, produtor do CD). Eu, Zeca, Ed Motta, a Regina Casé e o D2, que estava ‘à deriva’ e apareceu. Rimos muito, foi só farra, com churrasco e cerveja. O Ed estava sem comer carne e assamos um franguinho.”

Festanças à parte, aos 52 anos Arlindo encara regime para manter o pique: “O feijão não tem mais costela e paio, acabou a farofa e a massa, mas deixei a cerveja de fora. Já que não como, bebo”. O popstar do samba capricha na estampa sem perder a essência.

“Não sabemos como ficarão as comunidades”
A favela e a polícia aparecem nos sambas Meu Nome é Favela e Sargento, e Arlindo comenta o processo de pacificação: “Do jeito que estava não dava para continuar, mas temos que esperar. Não há prisões, e não sabemos como ficarão as comunidades. Tenho que voltar a ter tempo de sentar na tendinha, escrever uma poesia, beber uma cerveja, sentir o clima”, diz. E afirma, saudoso: “Minha essência é a Piedade, o domingo com a criançada, a pipa, os doces de Cosme e Damião”.

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