walter rosa

Nascido em 05 de março de 1925, no Rio De Janeiro, no bairro do Meier,aos oito anos entrou em contato com o samba, quando freqüentava o Bloco Carnavalesco Filhos do Deserto, no morro da Cachoeirinha. Lá encontrou Zinco,seu professor, dono de belíssima e possante voz que gozava de grande prestígio entre seus colegas compositores e morreu tuberculoso e em dificuldades financeiras, só conseguindo condições para tratamento num hospital através da luta do seu amigo e discípulo Walter Rosa, que era um dos maiores conhecedores e divulgadores de seus sambas. Walter aprendeu a tocar instrumento de corda e em seguida começou a compor. Em 1942 mudou-se para o Bloco Recreio de Inhaúma, onde conheceu Paulo da Portela e outros compositores, que faziam cordiais e costumeiras visitas, ocasionando daquele contato seu ingresso no GRES Portela, onde passou a integrar a ala dos compositores. A Portela foi campeã do carnaval de 1953 com o enredo "Seis Datas Magnas" de Lino Manuel dos Reis, barracão de Lino,Paulinho e Pinduca, samba de Candeia e Altair Prego, conquistando 400 pontos obtendo nota máxima em todos os quesitos; o samba mais cantado na quadra, nesta época, era "Boa Noite, Cidade Maravilhosa" de Walter Rosa.

Em 1955 Walter resolveu homenagear respeitáveis compositores, de Zinco dos Filhos do Deserto a Chatim da Portela; compôs o samba "Confraternização", que fez muito sucesso entre os sambistas, sendo cantado em todas rodas de samba; entusiasmado com a aceitação de sua composição, resolveu fazer, em 1957, nova homenagem, compondo "Celebração nº2", que sofreu uma nova versão onde ele cita o samba-enredo cantado pelo Salgueiro em 1963, "Chica da Silva" e "Semente do Samba" de Hélio Cabral, gravado por Clementina de Jesus em 1965. "Confraternização nº 3", composto em 1959, foi criado em decorrência da mágoa demonstrada por alguns sambistas por não terem sido citados nas homenagens anteriores, tendo inclusive o compositor Mazinho, da Portela, feito um samba resposta a Walter Rosa, cuja letra saiu publicada num jornal da cidade, fazendo com que Walter dissesse em seu samba: "muitos ficaram aborrecidos" e "levaram a cópia do original/Da Confraternização nº 1/ Ao conhecimento de um jornal"; este samba também sofreu uma nova versão com as citações ao samba "Sei lá Mangueira", lançado no Festival da TV-Record de 1968, e a Martinho da Vila que despontava e era bastante admirado por seus colegas nas reuniões realizadas as sextas-feiras, na Associação das Escolas de Samba, na rua Joaquim Palhares, no Estácio/RJ.

Na década de 60, quando teve três de seus sambas-enredos campeões na disputa da Portela: 1960, com o enredo "Rio, capital eterna do samba", que tirou nota máxima em todos os quesitos, causando sensação o 1º carro alegórico elaborado pelo carnavalesco Djalma Vogue, que representava "O MOrro de Santo Antonio" e a sua demolição, quando o carro chegou em frente ao palanque da comissão julgadora, o morro começou a desarmar para então surgir a cidade como era naquela época, com os edifícios da Central do Brasil, Ministério da Guerra, a Mesbla, A Noite, a Biblioteca Nacional,etc.; em 1961, com "Jóias das Lendas Brasileiras" enredo de Djalma Vogue, e, em 1963, com "Exaltação ao Barão de Mauá", enredo de Nilton, Oreba, Peres E Finfas, o 1º carro alegórico: "O Arsenal" com incêndio em Ponta da Areia, explosão da Caldeira, que deveria acontecer em frente ao jurado Armando Shomoon que julgava o quesito Alegorias e Adereços, foi objeto de um fato inusitado: quando a Alegoria passou em frente à cabine do jurado, Natal gritou: "Acende o pavio! Acende o pavio!, ninguém queria acender até que apareceu um corajoso, foi uma correria geral na escola, até o jurado se mandou da cabine de julgamento.

O único sambista que rivalizava em prestígio com Walter Rosa na Portela era Candeia, que tinha a maior admiração pelo parceiro. Walter era protagonista de algumas das mais interessantes histórias vividas na Portela, dentre elas uma ocorrida durante um bate-boca numa reunião da ala dos compositores da escola, ele definiu a cena assim: "Isso não pode acontecer na Portela. Olhe só o chão salpicado de poetas". Foi um dos fundadores da Acadêmicos do Engenho da Rainha. Em 1966 participou do show "Fina Flor do Samba", no Teatro Opinião, do Rio De Janeiro, seguindo-se outros shows e atuações na TV. No ano seguinte, sua música "A Timidez me Devora", em parceria com Jorginho Pessanha, foi gravada por Roberto Silva na Copacabana. Em 1968 fez algumas músicas para a peça "Dr. Getúlio, sua vida e sua Obra" de Ferreira Gullar e Dias Gomes, encenada em Porto Alegre, RGS, no Teatro Leopoldina, sob a direção de José Renato. Em 1973 faz parte da Diretoria da Portela como Vice-Presidente Social, tendo como companheiros: Velha, no Departamento Musical e Hiram Araujo, no Departamento Cultural, entre outros. Um dos orgulhos do jovem compositor Martinho José Ferreira era ser reconhecido e cumprimentaddo por Walter Rosa diante de tantos bambas, além de ter sido a primeira pessoa a anunciá-lo, em um microfone, na quadra da Portela:"Presente está o compositor Martinho da Boca do Mato".

Portador de diabete, que já tinha lhe tirado a visão, comovia um grupo de amigos que resolveram lhe prestar uma homenagem. Assim, Monarco, Paulinho da Viola, Tantinho, Délcio Carvalho, Darci da Mangueira e A Velha Guarda da Portela, comandaram um show beneficente no dia 23 de janeiro de 2002, no Teatro João Caetano, quando foram relebrados grandes músicas do "filósofo", como era chamado por alguns dos amigos. Na manhã seguinte, o compositor veio falecer, encerrando a luta que vinha travando com a diabete. Um mestre do samba, admirado e respeitado no meio, não tendo em vida o reconhecimento merecido.

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