claudio camunguelo

Estivador por profissão, Claudio Camunguelo é flautista e grande partideiro, compositor de mão cheia, além de excelente cantor e dançarino. É daqueles tipos que usam boina branca e cordão prateado no pescoço, mas sem estilizações e com muita dignidade. Figura fácil no circuito do samba e do choro da cidade, chama sempre a atenção de quem o assiste pela primeira vez. Legítimo representante dos grandes compositores da zona portuária do Rio de Janeiro, por onde passaram mestres como João da Bahiana, Mano Elói, Fuleiro, Sebastião Molequinho e Aniceto do Império, Padeirinho e Xangô da Mangueira, entre tantos outros, o portelense Camunguelo é um compositor e intérprete dos mais originais. É também um dos grandes da "Freguesia do Irajá", terra de bambas como Nei Lopes, Wilson Moreira e Zeca Pagodinho. Autodidata, já fazia flautas de bambu e plástico aos 16 anos, mesma época em que começou a compor. Mesmo sem saber ler partitura, começou na música gravando jingles na Rádio Nacional e segue fazendo arranjos e melodias de ouvido até hoje. Já era veterano no samba quando conheceu o parceiro Zeca Pagodinho, então com 16 anos. "Fizemos juntos 'Sinuca de Bico' e depois 'Amarguras', que participou do Festival de Sambas de Terreiro da Portela, em 81". Foi esse samba que abriu portas para os parceiros, e chegou a ser disputado por Elza Soares e pelo Grupo Fundo de Quintal. Depois do festival, Camunguelo levou Zeca ao Cacique de Ramos, que freqüenta desde 1966, muitos anos antes da quadra do bloco carnavalesco se consagrar como reduto de sambistas.

"Sou Claudio Lopes dos Santos, o popular Claudio Camunguelo", apresenta-se ele, sem conseguir explicar direito o motivo do apelido dado pelo companheiro de samba Arlindo Cruz. "O Nei Lopes, como pesquisador de cultura negra, foi procurar nos idiomas africanos algo parecido com camunguelo. Num dicionário da Nigéria ele encontrou a palavra 'camundele', que quer dizer 'branquinho'! Veterano das rodas de choro e samba do subúrbio (onde versou por diversas vezes com Aniceto Menezes), Camunguelo vem se apresentado em teatros e casas de espetáculo com Nei Lopes e com a dupla Zé da Velha e Silvério Pontes. Apesar de conhecido e admirado por músicos e freqüentadores das mais importantes rodas da cidade, Camunguelo só agora está próximo de gravar seu primeiro CD, iniciativa dos produtores Alexandre Pimentel e Maria Braga. Lutando ainda por um patrocínio, o aguardado disco já tem garantidas as participações de Nei Lopes, Zé da Velha e Silvério Pontes (diretor musical do disco) e deve contar também com as vozes de Luiz Carlos da Vila e Zeca Pagodinho. Por enquanto, só é possível ouvir gravações de Camunguelo no raríssimo compacto que ele gravou em 84 (com produção de Renato Alfaia, contendo "Amarguras" - parceria com Zeca Pagodinho - de um lado e "Gurufim", de Jorge Carioquinha do outro); no disco "Só Gafieira" (KUARUP), de Zé da Velha e Silvério Pontes, interpretando seu choro "Camunguelando" e no CD de Luiz Carlos da Vila em homenagem a Candeia (CPC-UMES), onde participa de duas faixas cantando e tocando sua inconfundível flauta.


Claudio Camunguelo, uma das figuras mais interessantes do choro do Rio de Janeiro.

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